Não vemos uma grande construção como em os Batmans, de Nolan, ou histórias detalhadas como nos filmes do Homem de Ferro ou Capitão América. Trata-se de uma narrativa gostosa, com aquele jeito maroto que só uma matinê oferece.
Os Vingadores - Assista ao trailer
NOTA: 80
Como nos quadrinhos, após um ataque de Loki, a S.H.I.E.L.D. entra em estado de guerra e começa a reunir os Vingadores. Não temos uma história, mas um enredo bem básico para justificar a ação. Não falo isso como um demérito do filme. Em certa medida, essa era o projeto da Marvel: deixar as histórias para os filmes solos dos personagens e Os Vingadores para um grande festival de ação.
As sequências de ação são ótimas, mas ficam aquém da expectativa. São bem orquestradas, ágeis sem precisar recorrer à excessos de cortes (como é comum em séries como Trasnformers), equilibram bem a participação entre os heróis e tem destruição na medida certa. Porém, não empolgam tanto quanto em outros filmes da Marvel.
Das duas grandes sequências de ação, a melhor é a que se passa no barco-avião da S.H.I.E.L.D. Ela transmite uma sensação de caos. A nave prestes a despencar é uma síntese visual dos conflitos entre os protagonistas, que se desentendem no começo do filme. Mas ela continua no ar, como os heróis se unirão para a luta final. Enfim, a estrutura clássica dos filmes de super-heróis contemporâneos: a gênese do herói (no caso de um grupo de heróis), o surgimento do vilão acompanhado de vitória nas primeiras batalhas e terminando com um grande quebra-pau no qual o herói leva a melhor.
A sequência da luta em Nova York, apesar de maior, não é tão interessante quanto a citada anteriormente. Nela o efeito do 3D trabalha contra o filme, em pelo menos 3 planos. Em um deles, com a câmera perpendicular à rua, vemos Hulk e Thor em cima da nave alienígena. Há uma clara desproporção entre os protagonistas, a nave e os edifícios. A tridimensionalidade ao invés de provocar a imersão, revela o artificialismo da montagem.
O filme tem dois grandes méritos. Começa pelo equilíbrio. Com tantos heróis (e pior, com tantas estrelas de Hollywood) elaborar um enredo que conseguisse harmonizar a contribuição de figuras importante (e o ego dos atores) era tarefa hercúlea (ou de Hulk). O diretor Joss Whedon a cumpre perfeitamente. A fórmula é aproveitar a característica de cada personagem no momento certo. As melhores piadas ficam com Stark, as estratégias saem da boca do Capitão América, conflitos com o vilão cabem ao Thor, e assim por diante. Todos têm o direto a dar seu pitaco na história.
O segundo, e mais delicioso, mérito da película é o bom humor. Nos diálogos ou nas gags visuais, tudo serve de bom motivo para uma risada deliciosa. Com isso, o filme vai na contramão de trabalhos como a trilogia Batman by Nolan. Não há realismo nem sobriedade. Há bom humor, escapismo e uma inocência típica dos tempos em que as HQs ainda enfrentavam seres estranhos ou a ameaça comunista (afinal, ainda não vivemos a era da pura inocência). Essa volta às origens, sem abrir mão de um tom mais adulto, é um ganho. Sem excluir abordagens mais adultas (Batman vem aí!), uma visão mais leve e evocativa dos clássicos das revistinhas é refrescante!
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