Aquilo, de fato, iria ser uma trolagem tremenda dos roteiristas e criadores da série. E é assim que me sinto após os 5 “filmes” dessa “saga” cinematográfica: trolado.
Amanhecer: Parte 2 - Trailer
NOTA: 65
A princípio, busquei assistir Crepúsculo pela legião de fãs que foram levados até o cinema após uma série de livros bem sucedida e muito comentada. Tudo que envolvia o nome “Crepúsculo” fez barulho e conquistou de fato muita gente. Quanto a qualidade e veracidade de seus personagens a gente pode deixar de segundo plano, pois era um filme comercial que buscava atingir os adolescentes com o plot de triângulo amoroso entre uma mulher e dois homens. Se não houvesse um aprofundamento sobre a origem desses personagens, e mantivessem eles como meros humanos, seria mais um romance e ponto final, mas não, a autora dos livros,Stephenie Meyer, resolveu mexer em um campo onde ela visivelmente não conhece, e se conhece resolveu desrespeitar.
Não se muda uma mitologia, principalmente quando tal mitologia possui fãs, conhecedores e se faz muito bem construída há séculos. Saci Perere nunca terá duas pernas, assim como um vampiro nunca brilhará à luz do sol. Como já é de conhecimento de todos, o romance em vogue possui um triângulo amoroso entre um vampiro que foge completamente dos padrões conhecidos, uma colegial e seu melhor amigo, que por coincidência ou não, é um lobisomem.
A primeira parte da história de Amanhecer se resume no seguinte: Bela e Edward se casam, vão para a lua de mel no Brasil, dançam um samba e ela fica grávida. É gerado um suspense e inquietação nas famílias e ela se transforma em vampira para conseguir ter a criança. Fim. O filme é isso. Não há um arco de história suficiente para ser atrativo e nem uma introdução, desenvolvimento e conclusão. Aí que está, vamos para a Parte 2 que muito provavelmente esperava-se resolver os problemas de narrativa da primeira parte. Mas não. O filme é tão cru de história quanto o primeiro. Desnecessário.
Assim como o plot do primeiro, os acontecimentos se resumem a fatos que não são suficientes para ser um filme de 115 minutos. Quando se analisa a franquia por inteira, ok, até podemos dizer que existe um arco dramático, mas analisando-o individualmente é um episódio de uma série muito mal feito.
Durante a projeção para os jornalistas, que foi aberta ao público também, me surpreendeu ver que até as “crepusculétes” (desculpe se esse termo é pejorativo, não é a intensão, mas quero me dizer aos fãs que tratam a série como uma religião) tiveram reações de negação à alguns caminhos que a história foi conduzida. Fazia muito tempo que não via pessoas rindo do filme mas não por ele querer extrair uma reação de humor do espectador, mas sim da má qualidade e absurdos apresentados na tela. Acho que tal reação para o público brasileiro será maior quando o país é representado na trama.
É até curioso as referências que me vieram à cabeça quando sai da sala de projeção. Foram exatamente 3 séries de TV. A primeira como disse foi a da teoria de “Lost”. A segunda é “Friends”, em uma cena onde Joey, que em “Friends” é um ator buscando ascensão na carreira, está explicando para alguém como ele faz para se lembrar de uma fala durante a gravação de uma cena da novela que ele participa dentro da série. Segundo o personagem ele apenas olha ao longe e se expressa como se alguém tivesse soltado gases no ambiente. A interpretação em “Amanhecer – Parte 2" é justamente isso. Os atores param, fogem com o olhar para o nada e aguardam o narrador parar de explicar o que está acontecendo.A terceira lembrança de série foi de um vídeo que vi há pouco tempo na web onde mostra como ficaria a série “Anos Incríveis” sem o narrador. No vídeo os atores parados olhando um cara a cara do outro aguardam a deixa para começar suas falas. Boa parte do primeiro e segundo ato de “Amanhecer – Parte 2" é isso, os atores aguardando.
Outro ponto que incomoda muito no filme são as trilhas incidentais das cenas de diálogos. Elas simplesmente são cortadas à seco muitas vezes, gerando aquele desconforto na continuidade. Nas cenas de ação elas estão ok, mas em grande parte do filme incomoda muito.
Tirando o fato de que na história os vampiros também são uma mescla de X-Men, pois cada um ali possui um poder, ou habilidade sobre humana, as cenas de ação são o que salva o filme (isso quando se está com a mente aberta e deixa passar os erros de CGI). Ela é colocada em um momento onde realmente a platéia precisa de um motivo a mais para continuar sentada e não desistir da falta de história da trama do filme.