Introduzindo vários personagens e os desenvolvendo eficientemente. Tal estilo necessita indiscutivelmente de um bom montador.
Nesse contexto, Tarantino tinha sempre ao seu lado, desde o ótimo ‘Cães de Aluguel’, a excelente cinematografa Sally Menke. Porém, em setembro de 2010, Sally veio a falecer. Logo uma dúvida surgiu na cabeça dos fãs: Seria Menke a peça fundamental no modo de criação do diretor? Temos ciência que ele mesmo escreve, decupa e dirige seus filmes, mas certamente a curiosidade de vê-lo sem a companhia de sua parceira era cogente. E, também por, finalmente, conferirmos o seu tão esperado Western - estilo que permeou toda sua filmografia, mas que nunca foi literalmente empregado em um dos seus longas-metragens.
NOTA: 80
E, claro, é uma assumida homenagem ao Western Cult ‘Django’ de Sergio Corbucci, lançado em 1966. Onde o ator Franco Nero – que faz aqui uma pequena participação - vivia o forasteiro Django, um sujeito que resgata uma jovem garota que iria ser assassinada e vai, em busca de vingança, pelo homicídio de sua mulher. Algo, de certo modo, parecido com o atual conto. Já que a estória traz um escravo, cujo seu nome também é Django (Jamie Foxx), que devido a seu violento passado, com relação aos seus antigos donos, o leva de encontro ao caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz).
O Dr. Schultz está à procura dos irmãos assassinos Brittle, e somente Django pode levá-lo a eles. O alemão então compra o escravo e lhe promete liberdade caso o ajude. Porém, ele torna-se algo, além disso, e vira seu parceiro na captura de vários bandidos. Aprendendo a utilizar armas como ninguém e se portar distintamente entre a sociedade. Tendo como objetivo encontrar e resgatar a escrava Broomhilda (Kerry Washington), sua esposa, que ele não vê há muitos anos. Django descobre que ela agora é posse de lvin Candie (Leonardo DiCaprio), o dono de "Candyland", terra famosa pelo treinador Ace Woody, que treina escravos para lutas por pura diversão do seu senhor. O local é na verdade comandado pelo velho escravo de confiança de Candie, chamado Stephen (Samuel L. Jackson). Um vassalo que age sem dor nem piedade com os irmãos de sua raça.
Voltando a questão da narrativa e montagem, felizmente não senti tanta falta da Sally Menkes. Digo felizmente por saber que ela deixou bem seu legado e Tarantino captou sua essência. Engendrando, como sempre, uma narrativa dessemelhante e muito eficiente. Que através de diálogos perspicazes, construí uma trama envolvente, que é pungente na violência humana e imprime até conceitos críticos, enxergados de maneira ridícula, sobre a época.
Quem assina a montagem é Fred Raskin, que já tinha sido editor assistente da Sally em ‘Kill Bill’ e participado de grandes obras como ‘Boogie Nights - Prazer Sem Limites’ e ‘Embriagado de amor’, também como segundo montador. Que não faz feio, construindo e levando o espectador até a próxima cena, através de interessantes raccords e colagens inteligentes. Contudo, talvez a película pudesse ter sido mais enxuta, poderiam ter cortado algumas cenas que soaram expositivas, já que 165 minutos é muito tempo para algo que quer parecer tão cool.
O que falar então da trilha sonora que como sempre Tarantino escolhe direto do seu Jukebox, músicas que serão fundamentais dentro da narrativa dos seus filmes. Não sendo aqui diferente. Inserindo o Hip Hop e o rei do Soul, James Brown, no velho oeste, criando uma valida rima sobre o gosto musical dos negros americanos. Um dos pontos altos e emocionantes é a bela canção Ancora Qui de Elisa Toffoli.
Composições de Luis Bacalov e Ennio Morricone casam sublimemente com a proposta fílmica. Parecendo até serem feitas sobre encomendas para tal. Os sons diegéticos são também de vital importância para criar o suspense desejado.